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Projetos Sociais: estudo e estratégia

Atualizado: 14 de mai. de 2021


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Mais importante que o domínio dos instrumentais e a capacitação permanente nas técnicas de elaboração de projetos sociais, é a capacidade de pesquisa e análise crítica dos profissionais que atuam no serviço social a respeito das expressões da questão social. Segundo Iamamoto (1999, p. 27), a Questão Social pode ser definida como: O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da sociedade.


Não vemos projetos sendo revisados e renovados com base em diagnósticos, nos quais as expressões da questão social sejam atualizadas e as intervenções se moldem à realidade dos sujeitos afetados e que as ações sejam avaliadas e alteradas no decorrer do percurso, objetivando o enfrentamento das contradições profissionais do serviço social na sociedade desigual em que vivemos.


Os profissionais, em sua maioria, são cooptados pelo assistencialismo e pela tradição das organizações sociais, sejam públicas ou privadas, as quais têm em seu corpo diretivo representantes da classe social que enxerga a causa social como caridade, doação e filantropia. Sua lógica é a da conciliação e do consenso e, até, da aceitação das condições de privação de direitos e das desigualdades experimentadas pelos usuários dos seus projetos sociais. Na prática, isso se traduz em projetos carentes de recursos materiais, humanos e financeiros e que não atingirão, por exemplo, os objetivos de emancipação e autonomia dos usuários. É aquele entendimento pela sociedade sobre essa questão, no qual está implícito: para pobre qualquer coisa serve.


Essa situação naturaliza e, indiretamente, aprofunda as contradições do capitalismo e da própria atuação dos profissionais do serviço social, os quais são formados e preparados para enfrentar essa situação. Porém, trata-se de uma tarefa dificílima, pois esses profissionais não detêm poder para promover a eliminação das desigualdades sociais, mas apenas para mediar as tensões decorrentes delas.


Uma boa estratégia é os profissionais aguçarem o senso crítico, manterem a atualização constante sobre as expressões da questão social de suas localidades e se apropriarem das ferramentas de diagnóstico, gestão e avaliação de projetos e estudarem possíveis alterações em seus projetos sociais.


Utilizando dessa estratégia, silenciosamente, mas também de forma ética e científica, é possível fazer a diferença. Grande parte dos dirigentes não são estudiosos dessas questões e não estão atentos à qualidade dos projetos, pois estão postos em seus cargos para a manutenção das desigualdades. Que não se ofendam, pois isso ocorre de forma sistêmica, involuntária, não por intenções propriamente pessoais, mas por diversas conjunturas.


Os dirigentes são movidos por boas intenções, mas são nomeados desde os primeiros esboços de projetos sociais no Brasil por herança de classe ou por herança política, frutos de um estado patrimonialista e, porque não dizer, de influência escravocrata. São representantes da elite financeira que precisa dessa desigualdade para se manter dominante. Quem deve ter consciência desse cenário são os profissionais do serviço social, pois estudaram para isso. Estudo, estratégia e organização são necessários para enfrentar esse desafio.

 
 
 

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